Cores do outono no meu jardim....

Dia de muito trabalho....

Começando a preparação para a primavera....Está muito longe? Sim, mas é agora que começa a preparação para recebê-la.Trocar a terra de todos os vasos, adicionar terra vegetal, humus, mexer como se fosse fazer um grande bolo....delicia. Retirar plantas , fazer novas mudas. Todos estes vasos aí, são de onze horas, que estão sendo replantados e que ficarão a espera da primavera.

Vale a pena o trabalho, pois agora, no outono, outras flores encantam o jardim e os meus olhos. Vestido em vermelho, branco e amarelo, pois são estas as cores que agora o iluminam .

As cabeleiras de velho, estão repletas de suas flores, miudinhas, brancas, dando uma luz ao verde que as rodeiam.

Uns galhinhos veem para dentro de casa......

São belíssimas, parecem rendas, com as florzinhas delicadas e frágeis....

E para sustentá-las, galhos retorcidos, que compõem desenhos e formas inusitados....

O céu azul ajuda a compor um quadro pintado, assim, pelas cores da natureza....

As heras amarelas, também vão subindo e se enroscando, num doce abraço nas madeiras....

E para aproveitar o branco, nada como um vermelho intenso, próprio dos bicos de papagaio....

Que vão dia a dia, dando um colorido especial, com vermelho pipocando pouco a pouco...

A natureza não brinca em serviço....é só cuidar que ela nos brinda com um verdadeiro milagre, todos os dias...

A perfeição se faz presente, em cada folha, perfeitas brácteas, a compor um cenário para ser deliciado e admirado...

Generosamente, brindando o verde das folhas, o azul do ceú, com o vermelho da paixão...

Rubem Alves, descreve com maestria o que não saberia dizer, sobre o significado do meu jardim, é necessário mesmo ser um grande poeta como ele....

"....Queria o jardim dos meus sonhos, aquele que existia dentro de mim como saudade. O que eu buscava não era a estética dos espaços de fora; era a poética dos espaços de dentro. Eu queria fazer ressuscitar o encanto de jardins passados, de felicidades perdidas, de alegrias já idas. Em busca do tempo perdido... Uma pessoa, comentando este meu jeito de ser, escreveu: "Coitado do Rubem! Ficou melancólico. Dele não mais se pode esperar coisa alguma..." Não entendeu. Pois melancolia é justamente o oposto: ficar chorando as alegrias perdidas, num luto permanente, sem a esperança de que elas possam ser de novo criadas. Aceitar como palavra final o veredicto da realidade, do terreno baldio, do deserto. Saudade é a dor que se sente quando se percebe a distância que existe entre o sonho e a realidade. Mais do que isto: é compreender que a felicidade só voltará quando a realidade for transformada pelo sonho, quando o sonho se transformar em realidade. Entendem agora por que um paisagista seria inútil? Para fazer o meu jardim ele teria que ser capaz de sonhar os meus sonhos..."